segunda-feira, 24 de maio de 2010

Uma pausa para o lanche


- Acho que naquela época nem tinha celular.
- Nem sei como a gente um dia conseguiu viver sem ele (o celular).
Papo banal, penso.
Reluto para me entregar por ter medo e descobrir o ridículo que existe ao meu redor. Local do martírio? Cantina da faculdade da Direito da UFJF. Não foi à toa que eu nasci canhota.
É horário de almoço e as mesas estão lotadas; melhor dizendo, as cadeiras é que estão. As mesas são gestoras de comunicação.

(Pausa para o meu hambúrguer).

Já estava ansiosa para voltar. Agora só tem um restinho de coca, que é disputada por mim e por uma abelha que se aproveita dos meus momentos de inspiração para deglutir o líquido negro. Demorei um pouco porque a mocinha tinha esquecido de trazer um copo ou canudinho para eu poder tomar a Coca-Cola. Hambúrguer e Coca-Cola. Foi apenas uma observação.
Mas, voltemos à reflexão sobre a mesa. As mesas são gestoras de comunicação. Ao seu redor, forma-se um círculo de mentes pensantes. Mentes pensantes? Todos estão conversando entre si. Sou uma exceção, apesar de também conversar. Converso de boca fechada comigo. O caderno está aqui como testemunha ocular do monólogo que travamos.
Embora esses grupos terem me motivado, desejaria não ouvi-los. Não me importa saber do nascimento de um celular ou da participação do D.A. do Direito nas próximas eleições do DCE. Quero apenas observa-los e eles já me permitiram isso; é o que me sacia neste momento. Direi melhor, quero observar-me observando-os. Coisa suficientemente normal para uma reflexão.
Agora, aprofundar no momento é sinônimo de gastos. Perceber é suficiente. O momento tem fim, o pensamento não. Já não seria mais fruto de um ato gratuito. É melhor fugir dos estímulos que me fariam gastar trinta centavos comprando um cigarro de sobremesa.

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